Agrolink – Leonardo Gottems
A Justiça do estado brasileiro de Goiás endossou o pedido de recuperação judicial feito pela Agrogalaxy e suas subsidiárias, através da juíza Alessandra Gontijo do Amaral, da 19ª Vara Cível e Ambiental da Comarca de Goiânia. A decisão encerra oito meses de negociações, reconhecendo que a empresa cumpriu as exigências legais.
O plano, que já havia sido aceito pelos credores em assembleia realizada no último mês de Abril com 82,4% dos votos favoráveis, marca um passo importante para a reestruturação da empresa. A Agrogalaxy acumula dívidas de BRL 4,6 bilhões desde o pedido de recuperação em setembro de 2024.
O plano homologado prevê a venda de uma carteira de recebíveis avaliada em BRL 760 milhões, que deve injetar cerca de BRL 91 milhões em caixa e reduzir aproximadamente BRL 300 milhões da dívida total, que soma BRL 4,6 bilhões. Além disso, a empresa poderá vender outros ativos mediante autorização judicial para se adaptar às condições do mercado.
Na decisão, a magistrada destacou que a recuperação judicial visa preservar a atividade econômica da empresa, proteger empregos e garantir os interesses dos credores. A juíza Alessandra Gontijo do Amaral, no entanto, invalidou seis cláusulas do plano que beneficiariam partes não relacionadas ao processo, como a exclusão e proteção de sócios e executivos contra ações legais movidas por credores.
Em comunicado oficial, a Agrogalaxy informou que manterá transparência com seus acionistas, divulgando atualizações sobre o andamento da recuperação, conforme exigido pela legislação.
Histórico da Crise
A Agrogalaxy atua na comercialização de insumos, produção de sementes e no armazenamento e venda de grãos. A empresa foi estruturada por meio da aquisição de plataformas regionais de destaque, preservando marcas locais e o relacionamento próximo com os produtores, ao mesmo tempo em que integra suas operações.
Até meados de 2023, a companhia contava com 169 lojas, 28 silos (incluindo unidades de armazenamento e beneficiamento de sementes), 3 plantas de sementes de soja e 10 toolings, presentes em 14 estados e mais de 1.000 municípios. Apesar disso, 2024 trouxe desafios financeiros significativos. Em setembro, a Agrogalaxy entrou com pedido de recuperação judicial, citando a desvalorização abrupta de commodities e condições climáticas adversas como principais fatores para a crise.
Os números divulgados pela empresa reforçam o cenário delicado: no quarto trimestre de 2024, o prejuízo líquido ajustado foi de R$ 292,4 milhões, um contraste expressivo com o lucro de R$ 107,9 milhões no mesmo período do ano anterior. Durante todo o ano de 2024, o prejuízo líquido ajustado somou R$ 2,48 bilhões, enquanto o Ebitda ajustado ficou negativo em R$ 1,62 bilhão.
A Agrogalaxy, que já foi uma das maiores redes de revenda de insumos agrícolas do país, enfrentou uma grave crise financeira que resultou no fechamento de metade das lojas, demissão de 40% dos funcionários e saída de três estados. Atualmente, opera com 65 lojas, 14 silos e uma unidade de sementes em nove estados, contra cerca de 130 unidades no auge do negócio. Com a homologação do plano, a empresa agora foca na execução da reestruturação para retomar a estabilidade financeira e operacional.
