Agrolink – Aline Merladete
Mesmo com o avanço de sistemas mais intensivos de produção, os preços do leite e derivados continuam sustentados no Brasil. A entressafra segue limitando a oferta e segurando as cotações, com menor disponibilidade de matéria-prima nas principais regiões produtoras.
Segundo dados dos Conseleites estaduais, as sinalizações para o pagamento do leite entregue em março indicam novas altas, embora em um ritmo mais moderado que no mês anterior. Minas Gerais foi o destaque, com aumento de 2,9% no valor de referência. Nos demais estados, os reajustes foram mais contidos, refletindo uma desaceleração na valorização dos derivados.
O cenário econômico, no entanto, acende um sinal de alerta. A combinação de inflação elevada, juros em alta e um PIB com desempenho abaixo do esperado impõe cautela ao mercado. A guerra tarifária internacional também contribui para o ambiente de incertezas.
Um dos reflexos já perceptíveis é a inflação dos lácteos ao consumidor, que se aproxima de 10%. Esse avanço nos preços pode frear o consumo nos próximos meses, especialmente em um cenário de renda mais apertada para boa parte da população.
Enquanto a entressafra continua dando sustentação às cotações, o setor lácteo observa com atenção os desdobramentos da economia brasileira e internacional — fatores que podem influenciar diretamente a demanda e os preços ao longo do ano.
