Agrolink – Leonardo Gottems
O mercado de arroz enfrenta uma fase crítica, com as cotações do Indicador CEPEA/IRGA-RS registrando queda expressiva. Segundo Sérgio Cardoso, Diretor de Operações da Itaobi Representações, o preço do cereal caiu para R$ 85,11 na primeira semana de março de 2025, acumulando uma desvalorização de 5,34% no mês. Essa redução pode parecer benéfica para o consumidor no curto prazo, mas traz sérios riscos para a sustentabilidade do setor.
Para os produtores, a contínua queda nos preços gera desmotivação, podendo levar à redução na área plantada nas próximas safras. Sem uma remuneração que cubra os custos de produção, há risco de diminuição na oferta e possíveis impactos no abastecimento interno. Já para a indústria, a pressão sobre as receitas pode comprometer operações e investimentos, agravando a fragilidade do setor, que já opera com margens ajustadas.
“Se por um lado o consumidor pode ver isso como positivo no curto prazo, os impactos para a sustentabilidade do setor podem ser severos e de longo prazo. O que estamos presenciando não é apenas uma oscilação de mercado, mas sim uma desestruturação perigosa da cadeia produtiva”, comenta.
O varejo, por sua vez, tende a apertar ainda mais a cadeia, exigindo preços mais baixos das indústrias e distribuidores. Esse movimento pode fortalecer grandes marcas e eliminar concorrentes menores, levando à concentração do mercado. Além disso, a redução das compras para exportação por parte das tradings deixou o mercado interno sem um direcionamento claro de preços, aumentando a volatilidade.
“O atual cenário exige uma resposta do setor e das autoridades para evitar um colapso na cadeia do arroz. Se nada for feito, os impactos podem ser duradouros, resultando em queda na produção, desestruturação industrial e redução da competitividade do arroz brasileiro no mercado global”, conclui.